sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Dívida Externa

Meus alunos sempre me perguntam:
"O Brasil não pagou a dívida externa?"

Não, não pagou, ainda deve bastante, a dívida externa total supera os
US$ 200 bilhões (aproximadamente 12% do PIB), mais do que o dobro da
dívida na década de 80.

"Eu vi na televisão que o Brasil pagou a dívida externa, está até
emprestando dinheiro para o FMI"

O Brasil possui um saldo de reservas internacionais, uma espécie de
poupança, maior que a dívida externa (hoje está em aproximadamente US$ 300 bilhões).

"Se ele tem dinheiro para pagar por que não paga?"

Principalmente por dois motivos: primeiro que as reservas servem de
defesa para o Real, o Banco Central utiliza as reservas para executar
a política cambial brasileira, serve de escudo contra ataques
especulativos, e segundo por que a dívida externa custa pouco em
relação a dívida interna, os juros são menores e o Real tende a se
apreciar diante do dólar, tornando os juros ainda mais baixos.

Outra razão para o governo não pagar a dívida externa é que ele só
detém 35% dessa dívida (setor público não financeiro), o resto é de
bancos e empresas privadas, apesar de afetar a economia brasileira,
essa dívida não é pública.

"E a dívida interna?"

Essa é bem grandinha, faz anos que só cresce, uma vez que o governo
nunca consegue arrecadar mais do que gasta (superávit nominal),
atualmente corresponde a aproximadamente 45% do PIB, algo em torno de
R$ 1.500.000.000,00!

4 comentários:

  1. qual a melhor solucao para resolver o problema da divida interna?


    Anderson Botelho

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  2. Segue o Desenrolar do Problema e soluções:

    1) O governo paga os funcionários e as coisas que compra com a arrecadação de impostos; se faltar
    dinheiro, não paga, pendura, faz uma dívida.

    2) Quando entram dólares no país, o Banco Central compra e também paga com dívida.

    3) O governo faz dois tipos de dívida: a dívida à vista e a dívida a prazo.

    4) Ponha a mão no bolso e pegue uma nota de real –pode ser qualquer uma, de qualquer valor, até uma moedinha. Essa é a dívida à vista.

    5) Se você contratar um bom advogado e for cobrar a dívida à vista do governo, vai receber, como
    pagamento, outra dívida à vista, outra nota de real.

    6) A dívida a prazo são títulos públicos de vários tipos: títulos emitidos pelo Tesouro Nacional ou pelo
    BC, com cláusula de correção monetária ou cambial, que, além da correção, rendem juros. Essa é a cha-mada dívida interna. O Tesouro deve R$ 500 bilhões e paga todos os anos R$ 90 bilhões em juros.

    7) Nos anos 60 e 70, era elegante afirmar que a inflação brasileira não resultava do déficit público, mas da forma pela qual ele era financiado, isto é, por muita dívida de curto prazo e por pouca dívida de longo prazo.

    8) Para que a dívida de longo prazo fosse aceita, foi inventada a correção monetária, que se generalizou para impostos e câmbio. Foi o começo da indexação de quase todos os preços da economia.

    9) Apesar da existência de correção monetária e juros altos, o prazo da dívida depende muito mais das condições da economia do que da vontade do BC. Quando a inflação está se acelerando, o BC consegue vender apenas dívida de prazo mais curto e juros maiores. Quando existe incerteza sobre o câmbio, juros, inflação ou política, os prazos da dívida se encurtam.

    10) Nessas situações, o BC garante aos compradores da dívida que, se eles precisarem de dinheiro(dívida à vista), a dívida de prazo maior será trocada imediatamente por dívida à vista, sem qualquer prejuízo para quem comprou. Em momentos de estabilidade, o BC não precisa oferecer essas vantagens.

    11) Na realidade, apesar de todo o lengalenga dos monetaristas, quando a inflação sobe a dívida de longo prazo se transforma em dívida de prazo menor ou em dívida de prazo muito curto. Ou seja, aumenta a dívida de curto prazo e à vista. É como se a quantidade de moeda aumentasse automaticamente com a inflação. Os estruturalistas da Cepal sempre disseram que isso acontecia. Tinham razão.

    12) Quando a dívida tem prazo muito curto e o BC oferece vantagens para os seus detentores, é impossível fazer política monetária. O governo vende títulos da dívida com garantia de liquidez e retira dívida à vista (dinheiro) de circulação. Não muda nada: trocou dívida de prazo muito curto por dívida à vista, ou seja, trocou seis por meia dúzia.

    13) Al Gore, o candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos, tem afirmado que vai usar o supe-rávit fiscal para reduzir a dívida publica americana. Lá, a dívida não é semelhante a dinheiro -tem 30 anos de prazo e concorre com investimentos em fábricas e não com investimentos em dinheiro. Se a dívida longa for resgatada, os investimentos privados podem aumentar.

    14) No Brasil, a dívida é diferente. Se o governo federal tivesse usado o dinheiro das privatizações
    para pagar a dívida, teria reduzido a liquidez da economia. Ou seja, ao pagar a dívida, tiraria dinheiro e dívida de curto prazo de circulação. Faltariam recursos para financiar a produção e o comércio.

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  3. 15) A maior parte do dinheiro que depositamos nos bancos -o salário, o valor da venda do apartamento, do automóvel, os lucros, a prestação- é aplicada em dívidas do governo. Ou seja, o banco aplica a dívida à vista do governo de cada um de nós (nossos reais) em dívidas do governo de prazo maior e que rendem juros. Esses juros é que remuneram os depósitos a prazo, os fundos e a maior parte dos rendimentos que os bancos pagam para seus depositantes.

    16) Os monetaristas e os sucessores neoliberais afirmam que a inflação resulta do déficit público. Déficit público é aumento da dívida pública. A dívida pública aumentou US$ 240 bilhões, ou seja, US$ 60 bi-lhões por ano entre 94 e 99. Os impostos eram suficientes para pagar todas as despesas do governo, inclu-sive Previdência. A dívida foi feita apenas para comprar dólares que entravam no país. Os dólares foram embora, a dívida interna ficou.

    17) Por que alguém gostaria de renegociar a dívida interna? Para acabar com a inflação? Ou para reduzir as despesas com juros?

    18) A inflação caiu. A inflação será de 6% este ano e menor no ano que vem. Por que se preocupar com a
    inflação e a dívida?

    19) Se as despesas com juros são muito altas, a solução é baixar os juros e não renegociar a dívida. Com juros menores, aumenta a parcela da dívida à vista que não rende juros e diminui a parcela da dívida a prazo que rende juros.

    20) Hoje, empresas brasileiras pagam 7% de juros em dólar, no exterior. Se a inflação esperada para o ano que vem é 4%, os juros no Brasil podem ser de 11%. A despesa do governo federal com juros passaria de R$ 90 bilhões por ano para US$ 55 bilhões, dinheiro suficiente para construir uma Itaipu por ano, por todos os anos, até o fim dos tempos.

    O mundo é mais complicado do que imaginam os monetaristas. E mais simples do que pensam os seus críticos.

    Fonte: Folha de S. Paulo (2007)

    Espero ter ajudado =]


    "Se as despesas com juros são muito altas, a solução é baixar os juros e não renegociar a dívida. Com juros menores, aumenta a parcela da dívida à vista que não rende juros e diminui a parcela da dívida a prazo que rende juros."

    Fonte:http://www.race.nuca.ie.ufrj.br/journal/s/sayad6.doc

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  4. É importante lembrar que o cenario inflacionario com uma divida interna em crescimento, pode levar à crise (caso não haja monitoramento pelo governo) do setor privado brasileiro.
    Isso se daria num processo inflacionario (governo começa a perder controle monetario do país) e sua divida em moeda nacional torna-se gigantesca. A incapacidade de honrar os compromissos por parte do governo, contaminaria um setor sadio da economia como o privado interno.
    Esse cenario seria ainda mais forte perante a alavancagem de estatais grandes brasileiras nos ultimos tempos. Para citar um exemplo temos a Petrobras, que possui significativa parcela da tomada de prestaçoes de serviços no país. Para crescer a empresa esta fazendo investimentos alavancados (em diversas naturezas, mas também de fontes ligadas a divida interna, instituiçoes financeiras nacionais) para financiar projetos como o pré-sal. Caso tenhamos um cenario pessimista como esse, todos os fornecedores da PEtrobras sofreriam com uma incapacidade de honrar os compromissos por parte da estatal. Por outro lado os investimentos pesados que o governo tem feito, possuem a mesma natureza e eventos como Copa do Mundo e Olimpiadas, podem contribuir para um aumento na divida interna do Brasil.

    Aluno: Gustavo M.V.L. Oliveira
    Matricula: 200801444996

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